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Arte em tempo de Coronavírus

As imagens têm um poder de comunicação já muito estudado e, às vezes, difícil de imaginar. Perante uma situação inédita, para a maioria da população, de isolamento social, elas se tornam ainda mais vigorosas. Declaram aquilo que muitas vezes tentamos colocar em palavras, mas não conseguimos.

Talvez isso ocorra porque tenhamos medo de nós mesmos, de ser capazes de expressar algo que a nossa mente engendra. Carolina Saidenberg, artista plástica de São Paulo, que participa de uma residência artista em Milão, Itália, online, sobre o coronavirus, está postando obras sobre o tema no perfil @saiden_art até dia 14 de abril quando acaba a residência. 

Esta obra é uma das que produziu nesse período de isolamento social. Trata-se de um dos sentimentos possíveis, cristalizado em imagens, sobre a quarentena e o que ela significa interiormente. É significativo que apareça a imagem de uma cobra, figura associada biblicamente, na tradição ocidental, ao mal, ao perigo e ao castigo.

Talvez uma leitura ainda mais significativa seja ver na serpente o estranhamento, pois se trata de um ser enigmático, principalmente pelo fato de não ter pastas e se arrastar pelo chão, mas poder estar em árvores ou na água, com um poder de ataque mortal. Ela, assim como o coronavírus, nos espreita a qualquer momento. E pode ser letal.

Mais informações: Http://carolinasaidenberg.com

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


Arte em tempo de Coronavírus (21)

O confinamento é uma espécie de redoma. Ela nos protege de algo, mas também nos leva para dentro de nós, em uma prática que nem todos estamos habituados ou preparados a praticar. Sair fortalecido e saudável desse processo é mais um desafio em tempo de coronavírus. A COVID-19 nos aprisiona, mas, sob certo aspecto, poderá libertar.

O trabalho de Carolina Saidenberg neste post evoca referências de nossa cultura ocidental que se acumulam e multiplicam. A maçã traz, é claro, sempre, a ideia do pecado original, mas também é o fruto aparentemente saboroso que a Bela Adormecida vai morder antes de seu sono, do qual apenas irá acordar com o beijo do Príncipe Encantado.

E a redoma também nos faz lembras da célebre flor, em “A Bela e a Fera”, cujas pétalas cairão progressivamente até que a maldição se realize por completo, a não ser que o Príncipe, transmutado em Fera, receba o beijo redentor pelo de “amor verdadeiro”. E na delicadeza de ver a essência lindeza interna do aparente externo feio que o milagre do amor se realiza.

Em tempos de quarentena, a pergunta é quando virá o beijo do amor verdadeiro que desperta da maldição? A Bela Adormecida recebe o seu, assim como a Fera. Ambos se salvam e vivem felizes para sempre. Nós, humanos, não temos “para sempre”. Nossa finitude está posta, mas a consciência social e a dedicação dos profissionais de saúde alertam que ela pode ser adiada.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


Arte em tempo de Coronavírus (23)

Arte em tempo de Coronavírus (23)

04/04/2020

Poucas imagens são tão marcantes em termos de privação da liberdade como a de um pássaro em uma gaiola. Ver uma ave limitada de sua capacidade de voar logo traz a analogia de uma pessoa privada de sua capacidade de pensar, de criar e de interpretar, características humanas essenciais para construir um futuro melhor.

Quando a artista Carolina Saidenberg coloca um pássaro dentro de uma redoma, obra criada dentro do atual momento de isolamento social recomendado pelas a organizações de saúde para combater o coronavírus e a disseminação da COVID-19, ganha força a ideia de que pássaros e mentes são feitas para ganhar o espaço.

O pássaro da obra remete ainda à célebre cena bíblica em que Noé recebe justamente de uma ave, com um galho no bico, o sinal de que existe terra próxima, ou seja, que as águas do Dilúvio baixaram e que em breve será possível chegar a um porto seguro.  Olhar para esse símbolo de esperança anima.

O sentimento é de que dias melhores podem – e devem – ser (a)guardados mesmo nos piores momentos. Existe, tanto no sinal recebido por Noé, assim como no mito grego, em que a tristemente célebre caixinha de Pandora, ao ser aberta, espalhou os males do mundo, mas guardou dois olhinhos verdes de esperança, a certeza que dias melhores estão por vir.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


Fantasias possíveis

“Uma das fascinações das artes visuais é que, por meio das imagens, somos estimulados a sonhar. É possível vislumbrar novos mundos, repletos de possibilidades, que podem apontar para uma outra realidade, onde tudo é permitido desde que seja mantido a capacidade de conservar os sentidos bem abertos, aptos a captar variadas sensações.

A pintura de Carolina Saidenberg atua justamente nesse nível das percepções. Suas imagens mesclam aspectos do urbano, do feminino e da arte circense para criar interpretações líricas em que surge uma lógica interna, que estimula justamente o onírico de cada um a encontrar novas visões de si mesmas e do entorno.

Se a atmosfera densa de edifícios e ruas estreitas pode parecer uma caótica prisão, o enigma do feminino, na sedução da beleza encantadora e de um perigoso mistério, e as surpresas que a arte circense comporta apresentam, a cada trabalho, a entrada num fascinante mundo de infinitas fantasias possíveis.

Os aspectos explorados do circo são os do desafio da vida: manter o equilíbrio perante o perigo e o sorriso no rosto quando a vontade é de chorar. Essas percepções de mundo transformam cada construção visual de Carolina Saidenberg num portal de emoções, no qual as imagens conduzem a penetrar em nossa própria consciência.”

Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura.


“She turns canvas into her stories about life, by using an incredible lightness and a brush application, which can be tender as well as atmospheric at the same time. Not only that, they also beautify it, let a brood or allow it to be simply relax. Thus, viewers of Carolina’s images are always taken towards a new experience and an inner journey. For me, they bring the magic and splendour of the Orient in the everyday and give me the same time to look out and break boundaries incentive beyond the boundaries of modern, anchored in the city life.”
Ela transforma telas em suas histórias de vida, usando uma levezaincrível e uma aplicação de pincel, que pode ter terno atmosférico ao mesmo tempoNão só isso, as telas também são embelezadas, se multiplicam ou se permitem ser simplesmente relaxantesDessa forma,os espectadores das imagens de Carolina são sempre tomados numanova experiência e uma viagem interior. Para mim, eles trazem a magia e esplendor do Oriente no cotidiano e me fazem ao mesmo tempo, olhar para fora e quebrar limitesincentivam além dos limites do moderno, ancoradas na vida da cidade
Eva Mistur, art critic. Austria


“THE UNKNOWN OBSERVER ”

Life flows into multicolored skies, through slight aerialists and porcelain faces of oriental women to join images of ancient legenda like the ones related to memaids.
Carolina draws and paints her Muses with love and passion, from the top od a cloud , disguised among birds’ flock, as she would like to hide her probing nature, thirsty of new emotions.
From up there the world can be different, the point of view changes, we rock ourselves thinking to fly; the dream is a way to depict life; in our dreams we become spectator for the others and for us; in the real life we are used to live as somebody unknown is keeping an eye on us and to get rido f this we need to take a shelter in wistful visions and the circus recalls are a clear example.
Her feature releases the fantasy and embrace us with shiny elegance
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Simona Albani, art critic. Italia


“Son style, indéniablement plait aussi outre Atlantique. Il suscite un certain intérêt sur le continent de la vieille Europe. Il séduit un certain nombre de galeries, d’amateurs d’arts et de collectionneurs avertis qui n’hésitent pas à investir sur une valeur montante qui s’affirme.”
Seu estilo inegavelmente também agrada o outro lado do Atlântico. nele, um certo interesse no continente da velha EuropaEle atrai um número de galerias, amantes da arte e colecionadores que afirmam, não hesite em investir em um valor que está a aumentar. 
François-Mary Bourreau , art critic. in memorian – França-Brasil